sábado, 17 de outubro de 2009

Estava certo. Ele estava total e completamente certo. Haveria chance de alguma reaproximação diante de tanto vexame? Diante de tanta lágrima derramada? Davis não atendia mais suas ligações, tampouco lhe direcionava o olhar nas aulas de matemática. As aulas de matemática eram como missas. Missas sem olhares e apelos. Eva comedia-se e pensava que aquilo era fruto de seu erro, que era sempre o mal-amar. E, ainda que covarde diante de tanto não silencioso, ela o espiava no fundo da sala pintada de azul, branco e cinza. E, alheia às vozes satisfeitas e esfuziantes, escrevera, baixinho:

“Eu poderia ser a sua versão feminina".

Não era a primeira vez que perdia o maior-amor-do-mundo dos outros. E, resignada, sabia que nem valeria mais se ajoelhar aos pés daquele mundo estranho, com sede de passado. Os joelhos nem aguentariam mais, de qualquer modo. E também suas costas. Acostumou-se a se curvar diante das migalhas de afeto jogadas pelo chão que cismava em pisar.

Davis não entendera nada. A sinceridade dela. Amor não se inventa, ora bolas!

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